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Glossário do Empreendedor: o que é Trading Company?

Quem se lembra das aulas de história, quando o professor explicava sobre a Rota da Seda, que possibilitava que as navegações europeias chegassem ao sul da Ásia, fortalecendo as relações comerciais entre Oriente e Europa? Por meio desta rota, os europeus conseguiam comprar seda do Oriente para revender na Europa.

Essas navegações não apenas foram importantes para o desenvolvimento de regiões como Egito Antigo, China e Índia, como também deu início a um importante mecanismo do comércio exterior: a trading company, empresa que busca facilitar as negociações comerciais entre vendedores e compradores localizados em países diferentes. 

Uma trading company possui duas formas de atuação, tendo algumas tradings que compram com seus próprios recursos em um país para revender em outros países, enquanto outras conectam fornecedores e clientes, atuando mediante comissão, explica Rodrigo Giraldelli, CEO da China Gates, especialista em importação.

Segundo ele, no Brasil, as tradings são mais utilizadas na exportação de commodities como soja, carne, minério de ferro. Algumas atuam em áreas como aviação, veículos, fertilizantes e carga geral.

De acordo com Maurício Manfré, assessor de negócios internacionais da São Paulo Chamber of Commerce da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), as grandes tradings operam em grande escala, sendo responsáveis por parte significativa do superávit da balança comercial brasileira. 

Saiba mais sobre o termo

Como funciona - A trading company atua tanto na importação como na exportação, identificando oportunidades para conectar compradores e vendedores. Na exportação, essas tradings podem representar empresas brasileiras em feiras internacionais, prospectar clientes no exterior e estruturar toda a operação de venda, segundo Giraldelli.

No caso da importação, completa ele, essas tradings identificam a demanda de clientes no Brasil, e buscam fornecedores no exterior, garantindo que os produtos destes fornecedores atendem às exigências legais de órgãos como a Anvisa.

Devido às diversas etapas burocráticas e operacionais, como procedimentos aduaneiros, legislação sanitária, variação cambial e emissão de documentos, as tradings acabam sendo uma opção para empresas que não possuem equipe ou não têm conhecimento técnico sobre o comércio exterior. “Muitas vezes, contratar esse serviço é mais econômico do que manter um departamento próprio de importação e exportação. Principalmente quando o volume de operações é reduzido”, explica.

Além disso, Giraldelli comenta que algumas tradings oferecem benefícios fiscais em determinadas operações, como condições mais vantajosas de frete e armazenagem de carga, por conta da rede logística já estruturada, e às vezes até mesmo apoio financeiro, financiando parte das operações.

Vantagens e desafios - Entre as principais vantagens ao fazer negócios com uma trading company está a expertise dessas empresas em relação ao mercado internacional, que têm conhecimentos aprofundados de todas as operações relevantes para realizar negociações no comércio exterior, como conhecimento administrativo, logístico, financeiro, contratual e comercial. 

Assim, Manfré explica que, para as empresas que têm o perfil necessário para negociar com uma trading company, a principal vantagem é essa facilidade em expandir para o mercado internacional, dispensando o uso de investimento próprios para captar clientes no país de destino, uma vez que a trading já possui esses contatos. 

Para Giraldelli, as principais vantagens para uma empresa que recorre a uma trading company é a redução de tempo gasto, que, consequentemente, gera redução de custos por meio da otimização tributária, logística e cambial.

Ao realizar qualquer negociação com outra empresa, o principal desafio é escolher uma empresa confiável, evitando possíveis golpes, como a não-entrega da mercadoria. Por isso, é preciso que a empresa pesquise o histórico da trading, clientes, estrutura física e financeira. “Contratar uma empresa sem experiência pode resultar em mercadorias retidas, atrasos ou até prejuízos financeiros”, diz Giraldelli.

Outros desafios são a volatilidade de fretes e câmbio, evolução regulatória e exigências documentais entre jurisdições, garantia de qualidade, ou especificações de produto e planejamento de demanda, a fim de evitar ruptura sobre o estoque ou custos adicionais.

Entre a Ásia e o Brasil

A BSB Trading é um exemplo de trading que realiza importações entre a Ásia e o Brasil, em países como China, Japão e Coreia do Sul. Segundo Eduardo Vilaça, CEO da BSB Trading, a empresa atua na área de Conta e Ordem, onde eles coordenam 100% do processo em nome do cliente, que permanece como importador responsável. No entanto, a trading é responsável pela negociação, logística, câmbio e desembaraço (liberação de cargas presas na alfândega). Outra forma de atuação é por meio de encomendas, onde o cliente faz toda a documentação como encomendante, usufruindo dos benefícios fiscais.

Para captar clientes, a empresa aposta em outbound (captação ativa de clientes) consultivo, onde eles abordam setores em que a estrutura da trading company gere mais valor para o cliente, devido às questões como complexidade logística, aduaneira, volume e recorrência. Além disso, eles trabalham com redes de indicações de parceiros e atração por meio de divulgações digitais. 

Segundo Villaça, a trading atua com identificação e validação de fornecedores, estrutura da operação, execução logística e aduaneira e mapeamento.