
Instabilidade da economia redefine o mercado de beleza e impulsiona o varejo de autocuidado
O comportamento do consumidor brasileiro no setor de beleza passa por transformações significativas diante da instabilidade econômica de 2025. O conhecido “Índice do Batom” — conceito criado no início dos anos 2000 por Leonard Lauder, presidente da Estée Lauder — afirma que, em tempos de crise, o consumidor se permite pequenos luxos. No entanto, esse antigo termômetro emocional não reflete mais com precisão as dinâmicas atuais do mercado. Em 2025, o “Índice do Batom” aponta uma queda inédita na procura por serviços de beleza, como salões, e um crescimento expressivo no consumo de itens como máscaras, cremes e séruns para uso em casa. Segundo Thaís Giraldelli, estrategista de mercado com experiência em grandes redes internacionais e no varejo nacional, os consumidores continuam buscando formas de manter a autoestima — mas por novos caminhos, de forma prática e econômica. “A crise chegou de forma real à área de serviços, como estúdios e salões de beleza. O cliente está cortando gastos e priorizando o que pode fazer em casa”, analisa. Priscila Passarin, sócia do salão BeautySis Brasil, na Vila Prudente, viu a clientela do estabelecimento cair consideravelmente na pandemia e se manteve baixa no pós-pandemia. “Com isso, tiramos o serviço de cabeleireiros, que caiu muito, e ficamos só como esmalteria”, conta. O salão manteve manicure e pedicure tradicionais e focou no alongamento de unhas com fibras de vidro, que conquistou espaço entre consumidoras que buscam unhas mais resistentes. “Foi uma forma de manter o negócio”, conta Priscila. Estratégias Segundo Thaís, a recomendação é que as empresas repensem suas estratégias para conquistar o público que migrou para o autocuidado. “É um momento desafiador para os profissionais e espaços de beleza, mas também uma oportunidade para as marcas de produtos se destacarem com soluções que atendam a essa nova realidade.” Apostar em inovação e diferenciação é apontado como caminho para manter a competitividade. “Os estúdios e salões que conseguirem oferecer experiências diferenciadas e mais personalizadas devem se recuperar primeiro.” Experiências mais personalizadas, pacotes enxutos, atendimento a domicílio e serviços com efeito prolongado são alternativas para manter a recorrência mesmo com a economia desaquecida. Já as marcas de produtos de beleza que conseguirem manter a qualidade e a inovação vão seguir crescendo, mesmo nesse cenário desafiador”, avalia a especialista.